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“Luto é amor para além da vida”, diz a médica Ana Claudia Quintana Arantes

Published 09/11/2024

A apresentadora Fernanda Lima – Foto divulgação

Especialista diz que a dor do luto é uma experiência emocional e sensitiva desagradável associada, ou semelhante àquela associada a uma perda afetiva significativa real, ou potencial

 

A apresentadora Fernanda Lima perdeu a mãe no começo do ano vítima de um câncer no pâncreas. Em suas redes sociais, a artista lamentou a partida. Ela prestou homenagem por meio de uma fotografia. “Você só saberá realmente o que é o amor quando lhe perguntarem sobre ele e você não pensar em uma definição, mas em um nome: Teca! Minha mãe! Minha inspiração de vida, de arte, de generosidade, dedicação, ironia e graça! Minha rede de segurança, meu sorriso maior! Foram dias difíceis. Muito difíceis. Mas foi tanto amor que estou apaziguada”, escreveu.

 

Conforme a médica Ana Claudia Quintana Arantes (CRM-SP 76.851), especialista em geriatria com formação avançada em Cuidados Paliativos e pós-graduada em Psicologia — Intervenções em Luto, a natureza humana vai trazer ao longo da nossa vida a experiência da perda. Enfrentar a dor do luto nessa jornada é parte do caminho quando escolhemos amar alguém. Ela explica também que perder, perder-se, ser a pessoa perdida são as faces possíveis destas ausências que vamos conhecer durante a vida. “Não me refiro somente a perda de uma pessoa que você ame muito, pois o luto também acontece em situações de nossas vidas, como mudar de cidade, trocar de emprego, morte de um animal de estimação, rompimento de um relacionamento amoroso. Todas essas questões geram sofrimento para quem vive”, aponta.

 

A especialista conta que a dor do luto potencial acontece durante o tempo do luto antecipatório – período que começa com a notícia da morte anunciada (quando a pessoa tem uma doença grave, em progressão e que vai ter uma grande chance de falecer em decorrência desta doença).

 

Ana Claudia Quintana Arantes – Médica e Escritora (Foto feita para a matéria da Revista Piauí, com Bob Wolfenson)

 

 

Segundo Ana Claudia, o processo de luto não tem tempo estipulado. Cada pessoa sente de uma maneira, pois as dores não cabem em rótulos, expectativas ou em manuais. O luto não tem fim, mas a dor que ele precisa expor pode ter fim, ou ao menos, um enorme alívio. Este processo da travessia da dor do luto requer paciência, compaixão e muita dedicação ao autoconhecimento.

 

A médica reforça que ao falar sobre a perda pode ser difícil de encontrar quem tenha coragem de ouvir. Afinal toda nossa educação busca o tema de ganhar, adquirir, conquistar. Nunca se aprende a perder. De acordo com a especialista, embora reencontrar o caminho em um cenário de dor e saudade seja complexo, não é impossível de ser atravessado.

 

Ana Claudia salienta que a vida, o tempo e as memórias darão espaço para que a pessoa que morreu passe a viver dentro do seu coração, restabelecendo o vínculo afetivo. A médica enfatiza que isso é deixar as conexões de amor se manterem, apesar da ausência física, honrando o legado daquela pessoa, sabendo resgatar as lembranças de amor e se dedicando com bondade para a reconstrução da alegria, que não está perdida, apenas nos aguarda mais adiante.

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