R$ 60 mil é pouco? Caso Éder Militão expõe como milionários podem pagar pensões ‘baixíssimas’ legalmente

O nome de Éder Militão, zagueiro do Real Madrid e da Seleção Brasileira, retorna a polêmica sobre o valor da pensão alimentícia paga para sua filha, Cecília.

Advogado de família Vitor Lanna analisa o caso que movimentou as redes sociais e acende alerta sobre a disparidade entre renda e responsabilidade parental no Brasil

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O valor de R$ 60 mil de pensão alimentícia pode parecer alto para a maioria das pessoas. Mas quando falamos de um jogador que ganha mais de R$ 7 milhões por mês, como é o caso de Éder Militão, zagueiro do Real Madrid e da Seleção Brasileira, a proporção muda completamente. O valor, fixado judicialmente em 40 salários mínimos, representa menos de 1% da renda do atleta, o que gerou críticas e uma ampla discussão nas redes sociais.

 

A influenciadora Karoline Lima, mãe de Cecília, ganhou repercussão após vir à tona a insatisfação com o modelo anterior de pensão.

 

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O caso, envolvendo a influenciadora Karoline Lima, mãe de Cecília, filha do casal, ganhou repercussão após vir à tona a insatisfação com o modelo anterior de pensão — que previa pagamentos em dinheiro e em forma de benefícios diretos, como escola, motorista, curso de inglês e algumas outras despesas da criança. A questão escalou após o jogador deixar de arcar com parte desses compromissos, forçando Karoline a entrar com uma ação para transformar tudo em valores mensais fixos.

 

Quem levanta uma reflexão jurídica e social sobre o tema é o advogado de família Vitor Lanna, que alerta para um ponto pouco discutido: o descompasso entre o poder aquisitivo do genitor e o valor pago como pensão.

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“A pensão tem que cobrir as despesas da criança, mas também deve acompanhar o padrão social dos pais. Éder Militão ganha cerca de 85 milhões de reais por ano. Pagar menos de 1% disso como pensão é o mesmo que um pai que ganha um salário mínimo pagar R$ 10 por mês. O valor pode parecer alto para quem está de fora, mas para a realidade da filha e da mãe, que é quem cuida da criança, é desproporcional”, afirma Vitor.

 

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O advogado de família Vitor Lanna analisa o caso que movimentou as redes sociais.

 

Segundo o especialista, o Judiciário precisa considerar não só os custos básicos da criança, mas o estilo de vida que o pai pode — e deve — proporcionar, especialmente quando há uma disparidade tão grande entre os genitores.

 

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“Existe uma quebra na balança. Quem arca com o cuidado diário é a mãe. E, mesmo assim, o valor estipulado é extremamente reduzido diante do que o pai ganha. Isso não é sobre luxo, é sobre equidade. Uma criança não deveria ter uma vida inferior ao padrão que o pai pode dar, apenas porque ele não convive com ela”, conclui.

 

A polêmica reacende debates sobre revisão de pensão, poder econômico, equidade parental e o papel do sistema jurídico frente à realidade das famílias modernas — especialmente em casos de pais com rendas milionárias.