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Silvero Pereira (Reprodução/Instagram)
Silvero Pereira (Reprodução/Instagram)

Silvero Pereira é a estrela de ‘Pequeno Monstro’, um monólogo estreado por ele no último fim de semana, no Teatro Poeira, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde cumpre temporada, entre quinta-feira e domingo, até 28 de julho.

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O ator de 41 anos chocou o público de sua peça ao revelar que sofreu um abuso na infância.

“Isso aqui vai ser, no mínimo, esquisito. Mas vocês sabem a quem vieram assistir”, iniciou ele ao falar com a plateia. “Sendo o artista que sou, me aproveito dessa situação. Entendo que hoje muitas pessoas vão me assistir porque querem ver o ator da televisão. O.k., mas aí elas também tomam na cara com coisas que quero falar”.

Silvero contou que foi estuprado por um homem num matagal aos 7 anos.

“Antes de me expor para o mundo, fui abrindo esse assunto, aos poucos, para mim mesmo. Foi quando me olhei no espelho e tive coragem de assumir quem eu era de verdade”, afirma.

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“O teatro sempre foi minha grande terapia. É onde consigo expurgar essas coisas. Mas, ao levar isso para o palco, essas questões precisam estar resolvidas. Esta não é uma peça de militância ou manifesto. O que quero é fazer arte! Então, primeiro, resolvo meus traumas. Depois, penso em como construir tecnicamente uma dramaturgia para conduzir esse assunto. É um processo… Fui me preparando para ter coragem de falar. Se fosse abrir agora todos esses buracos com as minhas questões, talvez não tivesse condições de chegar até aqui”, apontou.

“Ninguém vai me ver abrindo um diário […] Meu grande objetivo é dizer: estamos todos envolvidos nessas violências. Temos que encarar esse problema. Quando falo abertamente sobre minha ferida [ele cita o abuso sexual sofrido], quero que outras pessoas se sintam encorajadas para falar. Ou pelo menos que alguém que esteja passando por isso agora não precise enfrentar essa dor sozinho”, afirmou.

“Quero ser pai, mas não sei se de um filho gerado por mim. Talvez adote. Penso muito nisso, e com uma expectativa superpositiva de que é possível construir uma vida para uma criança, embora eu saiba que a verdade do adulto será sempre a verdade da criança, e que, por isso, não há como uma criança fugir da realidade adulta”, completou ele.

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