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Entenda a hérnia umbilical

Published 04/03/2025

A atriz Viviane Araújo - Foto divulgação

O problema pode atingir homens e mulheres

 

Recentemente, a atriz Viviane Araújo causou uma avalanche de comentários ao publicar um vídeo na rede social. A artista, madrinha de bateria da escola de samba Salgueiro, compartilhou imagens do ensaio para o carnaval e sua hérnia umbilical ficou visível. Devido à repercussão, ela explicou que já fez a cirurgia da hérnia duas vezes, entretanto, o problema voltou após a gravidez. Conforme a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH), as hérnias abdominais atingem 28 milhões de adultos no Brasil. A hérnia umbilical, como a de Viviane, afeta 8% dessa população. Em entrevista ao portal Gshow, o presidente da SBH, Gustavo Soares, argumentou que a maioria das hérnias tem relação com a hereditariedade, ou seja, o indivíduo tem mais predisposição ou por uma questão da formação anatômica, ou por uma questão metabólica do tipo de colágeno, que é a proteína que dá sustentação aos tecidos.

 

Segundo o médico Luis Felipe Paschoali (CRM-SP 146.002 e RQE 114.836), chamamos de hérnia umbilical quando há algum tecido como alças intestinais, gordura ou qualquer tipo de massa passando pela cicatriz umbilical. Isso quer dizer que a hérnia acontece se o órgão ou tecido passa por um orifício, podendo ser acidental, como a cicatriz cirúrgica, ou natural, como a hérnia umbilical. Ele lembra que os tipos mais comuns são as inguinais (região da virilha) e umbilicais (cicatriz umbilical).

 

O especialista comenta que, muitas vezes, os casos podem ser assintomáticos ou apresentar poucos sintomas. O médico esclarece que geralmente acontece a passagem de conteúdo intestinal através da cicatriz umbilical, fazendo com que o umbigo “salte” para fora da parede abdominal, ocorrendo, principalmente, quando há um aumento de pressão dentro do abdômen, como, por exemplo, durante o esforço físico. “Outros sintomas menos frequentes são dores leves ou desconforto na região umbilical, inchaço ou vermelhidão do umbigo, náuseas ou vômitos, e dificuldade para empurrar o conteúdo da hérnia de volta para dentro do abdômen”, aponta.

 

Dr. Luis Paschoali – Foto divulgação

 

 

Paschoali reforça que a cicatriz umbilical é uma região onde há pouco músculo e, como consequência, é um local de fragilidade, associado às condições que aumentam a pressão dentro do abdômen, como obesidade, gravidez, esforço físico, tosse crônica ou ascite (acúmulo de líquido que acomete pacientes com cirrose hepática, insuficiência cardíaca e renal).

 

Cirurgia

Conforme o médico, a cirurgia é a única maneira de tratar a condição, visto que não existe outra forma para “fechar” a hérnia. No entanto, Paschoali ressalta que é fundamental reduzir a pressão dentro do abdômen através da perda de peso, esperar a resolução da gravidez, evitar fazer grandes esforços e cuidar da causa da tosse crônica ou do motivo da ascite. Além disso, é recomendado procurar ajuda profissional para avaliar a necessidade de intervenção cirúrgica.

 

A hérnia umbilical e o risco de não tratá-la

O médico destaca que, se a hérnia rompe ou o tecido morre (necrose), pode ocorrer infecção, sendo preciso o uso de antibióticos, e também poderá exigir cirurgia para retirada das partes necrosadas. “Mesmo após operada, pode haver recidiva. Como no caso da artista, em que ocorreu a gravidez, houve aumento da pressão e enfraquecimento da parede abdominal. Com isso, posteriormente, a recorrência da hérnia”, pontua.

 

De acordo com Paschoali, a hérnia umbilical, ao contrário das inguinais, tende a complicar menos, contudo é preciso se ater a estas duas questões:

 

Encarceramento: quando o tecido passa através do anel herniário e fica “preso”, pode causar dor intensa, obstrução intestinal e inchaço do local.

 

Estrangulamento: neste caso, o tecido fica preso e o fluxo sanguíneo para o tecido herniário é interrompido, o que pode causar dor intensa, náuseas, vômitos, febre, vermelhidão local. Por se tratar de uma emergência, deve ser abordada cirurgicamente o mais rápido possível.

 

Matéria feita pelo jornalista Guilherme Ferreira (MTb-MG 15.548).

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