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Narcolepsia: conheça a doença que provoca sonolência excessiva

Published 10/09/2024

A cantora Pocah - Foto divulgação

De acordo com a Associação Brasileira do Sono, estima-se que cerca de três milhões de pessoas são afetadas com esta condição crônica no mundo; a média é de uma a cada 2 mil pessoas entre homens e mulheres

 

Durante a participação da cantora Pocah no Big Brother Brasil 21, ela ficou conhecida por dormir bastante no período em que ficou confinada na casa. Após sair do reality, a artista foi diagnosticada com narcolepsia. Segundo a neurologista Ana Carolina Dias Gomes, é uma doença do sono caracterizada pela sonolência excessiva diurna (geralmente o primeiro sintoma); manifestações de alterações do sono como alucinações hipnagógicas (ao adormecer) ou hipnopômpicas (ao despertar); paralisia do sono e cataplexia (episódios repentinos de perda do tônus muscular desencadeada por emoções como o riso, raiva ou surpresa). Além desses sinais ditos pela especialista que ajudam na identificação do problema, ainda temos, conforme o Instituto do Sono, ataques de sono — com sonhos mesmo nos cochilos curtos; sono noturno interrompido, ou seja, fragmentado devido à apneia do sono, movimentos dos membros inferiores ou sonhos muito vívidos.

 

A médica esclarece que a narcolepsia é rara (0,02% a 0,18% da população), com o pico inicial na adolescência e o outro por volta dos 35 anos.

 

Tipos de narcolepsia

Tipo 1: a presença da cataplexia é o fator determinante para um caso de narcolepsia tipo 1. Se o paciente apresenta casos de falta de controle muscular, aí está a diferença. Isso acontece graças à perda dos neurônios que produzem um neurotransmissor chamado hipocretina, causando a diminuição dos seus níveis.

 

Tipo 2: é considerada menos grave por apresentar sintomas mais leves, sem cataplexia e sem alterações nos níveis de hipocretina, o neurotransmissor que regula a excitação e a vigília.

 

Diagnóstico

A neurologista comenta que o diagnóstico de narcolepsia requer uma queixa clínica compatível e avaliação objetiva por meio de polissonografia basal e teste de múltiplas latências para o sono. “Nós ainda não desvendamos todos os mistérios, mas uma parte dos casos, os narcolépticos, tipo 1, têm a ver com um neurotransmissor chamado hipocretina, que ajuda a regular o sono”, aponta.

 

Dra. Ana Carolina Dias Gomes – Foto divulgação

 

Ana Carolina diz também que os pacientes possuem uma qualidade de vida ruim, mesmo quando comparados a outras doenças como a epilepsia e insuficiência cardíaca, já que o diagnóstico pode tardar. Um estudo na Europa, segundo a médica, revelou que para o indivíduo receber o diagnóstico e poder ser tratado, leva em média 10 anos desde os primeiros sintomas.

 

Tratamentos

De acordo com a Associação Brasileira do Sono, existem dois tipos de tratamento para a narcolepsia. O primeiro é o comportamental. Baseado na orientação da família e paciente sobre o estado crônico, com implementação de medidas de segurança e adaptativas, como mudança de horários, estudo, trabalho ou qualquer outra atividade importante do seu dia. Evitar trabalhos em turnos, tomar medidas de higiene do sono, com programação de breves cochilos durante o dia, podem melhorar o estado de alerta.

 

Já a segunda opção é o tratamento medicamentoso. Os medicamentos disponíveis são destinados ao controle dos sintomas mais incapacitantes como a sonolência excessiva e a cataplexia. São recomendados estimulantes prescritos pelo médico para auxiliar na sonolência. Antidepressivos também são utilizados para melhorar as outras queixas presentes na narcolepsia.

 

Genética

A médica conta que os possíveis fatores desencadeantes permanecem desconhecidos, porém a Associação de Narcolepsia ou Cataplexia advoga a favor de uma etiologia imunológica. “Pessoas com narcolepsia podem ter paralisia de uma parte do corpo ou até do corpo todo quando ficam emocionados. O nome dessa paralisia súbita é cataplexia, e a pessoa fica consciente. Passa rápido. São alguns segundos há poucos minutos. Pode ser fácil de ser reconhecida quando as características clínicas são típicas e o médico as conhece”, explica.

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